"Temperamento artístico é uma doença que ataca os amadores"

segunda-feira, março 26, 2007

Carapau abandona barco

Foi numa solarenga tarde por volta das seis e meia, que decorreu a mais recente conferência de imprensa, permitindo aos jornalistas dissecarem o recente encontro dos Carapaus de Corrida, encontro este que catapultou a equipa bióloga para a segunda fase do torneio da Universidade do Algarve.
Soube um olhar atento da imprensa presente na sala, subiram à mesa o guardião/massagista Lenga, envergando uma boina militar, o promissor Mamassara, e o popular jogador/presidente Sininho, desta vez com funções de porta-voz.
Instalou-se um frenesim entre o batalhão de jornalistas, ao constatarem que o recente capitão Chewbacca não se encontrava entre os eleitos para responderem ás perguntas, como tinha sido informado aos presentes. Perante esta reacção, Sininho dirige-se aos presentes, com um invulgar desconforto, dizendo que “Chewbacca não pôde comparecer à conferência devido a motivos pessoais”. Após esta estranha revelação, Sininho viu-se bombardeado com as mais diversas questões, perguntando se o jogador iria ser submetido a nova paragem devido ao seu problemático joelho, ou se estava em negociações com outro clube. Sininho, com um ar cada vez mais desconfortável e de embaraço, dirige-se aos presentes dizendo que Chewbacca não se encontrava presente porque a série Dragonball estava a dar à mesma hora e o atleta não podia perder este episodio pois só o tinha visto ainda três vezes.
Abateu-se um invulgar silêncio na sala, sendo de seguida diluído em diversos risos. Tentando restituir a seriedade perdida, Sininho abre a conferência de imprensa passando um apressado microfone a Lenga, que por esta altura começa a coçar as suas partes mais íntimas.
Confrontado com uma recomposta plateia, emocionado, atleta inicia o seu derradeiro acto.
“É com grande orgulho que venho comunicar, que não vou conseguir dar mais o meu contributo aos Carapaus de Corrida, pois fui…sniff sniff…aceite na melhor instituição militar…” na sua face escorrem imponentes lágrimas “…sniff fui aceite nos fuzileiros, vou ser FUZA!”. Dito isto o jogador levanta-se, olhando orgulhosamente para todos os presentes esperando efusivos aplausos que não chegam aparecer. O emocionado jogador tenta espremer novamente aplausos ao apático público, pondo a mão no peito e cantando aquelas palavras que nos tocam a todos ”Heróis do mar, nobre povo… “ Perante este exacerbado patriotismo, dois jornalistas coreanos e um chileno abandonam a conferencia.
Confrontado com este cenário, Sininho bate violentamente no jogador, tirando-o do seu aparente transe. Novamente um desconfortável sossego.
Entre uma audiência boquiaberta, o silencio lá é quebrado por uma pergunta que consiste em saber se esta mudança de vida passa pela rescisão do contrato com os Carapaus de Corrida. Já sentado e visivelmente contente pela reacção começa um discurso que se adivinha longo pelos presentes. “Sim vou ter de rescindir…blá blá blá…tou a pensar reformar me aos 54” Lenga continua a coçar-se”…blá blá blá…vou ter uma mulher em cada porto….” O tempo decorre lentamente, os segundos passam a minutos os minutos passam a horas, e sempre o mesmo fatigante monólogo.
Uma vez descrito todo o seu passado e previsto todo o seu futuro, Lenga enumera inúmeros agradecimentos dando particular ênfase a Laurodermio, dizendo que ”é uma pessoa que ta sempre dentro de mim” e aponta para o ensonado defesa que se encontra sentado no meio dos jornalistas.
Dito isto, toda a sala se desmancha a rir, mandando todo o tipo de comentários ao central, que se limita ficar com uma mão a tapar a cara e a abanar a cabeça. Vendo a situação Sininho vê um bom pretexto para acabar a já longa, intervenção de Lenga roubando lhe o microfone e dizendo “E todos nós vamos ter saudades tuas também! E agora a segunda parte da conferencia com o jovem Mamasara”.
Depois de apaziguada a imprensa, o promissor médio, responde às perguntas da praxe diplomaticamente, dizendo o que os jornalistas querem ouvir: “temos um grupo muito forte…”,”…tou num grande clube e quero ficar aqui muitos anos”, ”sinto que podemos ser campeões…”,”todos me tem ajudado imenso…”, “sou deste clube desde pequeno…”.
No meio deste espírito do politicamente correcto, surge uma questão, que se revela como um verdadeiro balde de água fria para o médio “E pode me dizer que tipo de relação tem com a dançarina exótica Natacha com a qual foi visto no meio das celebrações da passagem à fase seguinte em Huelva?” Perante este inesperado cenário, o jogador faz uma das suas características caretas.
Vendo que tinha tocado num ponto crítico devido a expressão de desconforto dos restantes atletas e ao abandono da conferência de Laurodérmio, o repórter volta a carga “É que segundo fontes próximas da estalagem onde foi festejada a passagem, consta que foram feitos diversos excessos durante a vossa estadia…”. Mamassara perdido no meio das suas caretas tenta fintar a obvia resposta ”pois…hmmm é que tivemos direito a prémios de jogo…errr…enfim…tipo as coisas descambaram…”. Ao ver a situação delicada em que o jogador se encontra, o presidente parte em defesa deste ”tudo o que se passou nessa noite foi legal, incluindo o incidente com as duas ucranianas, o carneiro e o treinador Pelica”. Diversos flashes ofuscam os jogadores e as perguntas multiplicam-se. “Então e as orgias confirmam-se?”, “O carneiro encontra-se em risco de vida?”, “É verdade que Super-maxi vomitou como vem sendo normal?”
Perante tanta questão, o aflito presidente, num acto de pura aflição desliga os microfones e dá por encerrada a conferência.

sexta-feira, março 09, 2007

A vida é uma incógnita!

Será o X?
Será o Y?
Será o Z?
E não poderá ser o K?

De jaquinzinhos a CARAPAUS!

Logrando todas as expectativas, no passado dia 1 de Março, o Carapaus Futebol Clube passaram à 2ª fase do campeonato!
Numa exibição bastante nervosa e contida por parte de ambas as equipas, o resultado foi bastante esclarecedor, fixando-se num empate a um golo. Resultado que, porém, foi suficiente para garantir a passagem de ambas as equipas à próxima fase. A equipa de gestão hoteleira e turismo que já tinha garantido a liderança do grupo, e assim assegurado o seu bilhete para a fase final, jogou de maneira a controlar o jogo, enquanto que os Carapaus, com o empate, carimbaram o seu passaporte como um dos dois melhores terceiros classificados da fase de grupos.
Depois do último jogo, em que os Carapaus se fizeram acompanhar de 4 batatas, era mandatório que o mister Pelica revigorasse a equipa e mudasse de estratégia. E assim o fez, surpreendendo tudo e todos ao abdicar dos habituais extremos e optando por um clássico 4-4-2, táctica que mais tarde se veio a verificar ineficaz. Outra alteração marcante foi a passagem do testemunho de capitão para a grande e cabeluda figura de Chewbacca. Ainda que contra a vontade de alguns jogadores, esta alteração não suscitou mau ambiente no balneário, desenrolando-se tudo com muita tranquilidade.
Como o jogo não se adivinhava fácil, o mister escolheu para o onze inicial os habituais titulares, ainda que alguns não jogassem na sua posição original.
Assim, na baliza encontrava-se Dinis, seguro e atento durante grande parte do jogo, não deixou de ter alguma culpa no golo do empate dos turistas, que tentou defender com os olhos. Ainda assim, e nem depois de um violento choque com um jogador da equipa adversária, não baixou os braços e continuou a apelar sempre à garra e atenção dos colegas.
Na defesa jogaram Templária, Laurodérmio, Olazabal, Pega, Tiago e Oxy. Templária, no seu habitual lugar de central fez uma exibição regular e descomprometida na primeira metade da partida, já que na segunda os turistas fizeram entrar para a posição de ponta-de-lança um jogador mais rápido e possante que acabou por lhe dar uma enorme trabalheira, exaurindo o jogador até às últimas e pondo à prova toda a sua fibra futebolística. Foi uma peça-chave na defesa marinha, ouvindo-se por vezes o público a gritar «show puyol!». Laurodérmio deu à equipa um contributo com o qual nos vai habituando, incansável e trabalhador, anulou o ponta-de-lança adversário durante os minutos em que jogou a central, falhando no lance que originou o golo adversário por ter dado demasiado espaço ao ponta-de-lança. Já na segunda parte ocupou a posição de lateral-direito aquando da saída de Pega, posição esta onde deu mais nas vistas com as suas poderosas arrancadas e com a sua inconformação com o resultado. Esteve muito mal nas bolas aéreas. As preces de Olazabal foram ouvidas pelo mister, que o pôs a jogar a lateral-esquerdo neste jogo, lugar que honrou com uma agressividade e carácter ofensivo nunca antes visto. Apesar dos conhecidos hábitos de fumador, mostrou-se rejuvenescido e corredor, tendo apenas abrandado o ritmo quando foi substituído, já a poucos minutos do final. Pega como lateral-direito, mais uma vez, pecou apenas pela falta de velocidade, mas cumprindo muito bem o seu papel de sombra do extremo adversário e ainda contribuindo para alguns ataques com numerosas tabelinhas com os jogadores mais avançados. O peso começou a pesar nas pernas a meio da segunda parte, o que levou à sua inevitável substituição. Tiago que entrou por Pega, foi para a posição de central, tentativa do mister para cimentar a defesa e construir uma muralha contra as investidas hoteleiras. Contra um ataque muito rápido e com poucos treinos nas pernas, foi difícil o entendimento com o seu parceiro, mas foi uma mais valia nas bolas aéreas, funcionando como um telhado na grande área. Oxy entrou nos minutos finais da partida apenas para segurar o ímpeto atacante dos opositores. Ainda um pouco ressentido da lesão sofrida no ínicio da época, esteve cauteloso e discreto no jogo.
No meio campo, distribuídos num losango pouco dinâmico e confuso jogaram Mendes, Mamassara, Super Maxi, Chewbacca e Sininho. Lutando com muita dificuldade, o meio campo dos Carapaus parecia um bando de baratas tontas depois de bombardeadas com insecticida. Mendes como trinco é um autêntico cadeado, no entanto, neste último jogo mais parecia uma porta escancarada. Demonstrou muitas dificuldades em adaptar-se ao esquema táctico utilizado, confundindo-se muitas vezes na colocação e marcação com Mamassara. Não se mostrou capaz de fazer uma boa transição defesa-ataque o que comprometeu bastante a sua exibição. Mamassara agarrou a titularidade mais uma vez e, mais uma vez também, desafinou. Parece claro que o seu entrosamento com Mendes apenas existe na cabeça do mister, notando-se em campo a dificuldade de adaptação. Não deixou de lutar, no entanto, intimidando o adversário nos lances aéreos com a sua farta cabeleira. O ex-capitão, Super Maxi, mais uma vez não comprometeu, estando irreprensível durante o jogo e denotando classe e segurança nas suas acções. Com o pé esquerdo desafinado, mais uma vez, não foi capaz de criar perigo às redes da baliza contrária, oferecendo meia-dúzia de bolas às couves que assistiam ao jogo. Chewbacca personificou a típica imagem do jogador deslumbrado. Com a braçadeira de capitão tão bem ajustada ao seu braço, tornou-se um Sá Pinto azulado. Refilão, brigão, raçudo e guerreiro até onde os pulmões e o peso o deixaram ir, acabou por ser substítuido no decorrer da segunda parte sem ter marcado o relvado com a sua habitual magia e excelente distribuição de jogo. Em vez de médio ofensivo apenas médio. Sininho que entrou para o lugar do capitão, mas mais descaído para a direita como tanto gosta, manchou a sua folha com um redondo e sonoro "Calem-se!" para os apoiantes que aplaudiam e chamavam pelo seu nome quando este entrou em campo. Gesto feio e não merecido para com a fantástica massa associativa do clube. Autor de inúmeros cortes e da fixação do lateral adversário no seu meio campo, contribuiu muito para a criação de espaços na linha por onde muitas vezes fugiu Laurodérmio.
No ataque, muito desapoiados e solitários estiveram Nenuco, Psidónio e Polygay. A gazua da equipa, Nenuco, bem tentou chegar ao golo de todas as maneiras, correndo o jogo inteiro por todo o lado, tentando confundir a pesada defesa adversária. Os esforços foram ligeiramente compensados nos primeiros segundos da segunda parte, quando com um tenso centro para a área colocou a bola na perna de um infeliz defesa turista que fez o favor de fazer um chapelito ao seu guarda-redes, pondo os Carapaus na liderança do marcador por fugazes instantes. Mesmo depois do empate mostrou-se imparável e, por vezes, recorrendo a técnicas teatrais foi empurrando a equipa hoteleira para a sua área. Apesar de ausente no último jogo, Psidónio começou de ínicio, não conseguindo corresponder bem às expectativas do treinador. Recuando, muitas vezes, demais no terreno, não serviu bem o propósito de ponta-de-lança. No entanto, foi autor de grandes momentos futebolísticos no campo, fintando os jogadores adversários várias vezes e ele próprio umas quantas. Acabou por ser substituído na segunda parte por falta de ritmo competitivo. Para o seu lugar entrou o jovem Polygay que, apesar de muito fogoso e com muita vontade, não conseguiu impôr-se sobre uma defesa reclusa que já só pensava em assegurar o resultado, esteve um pouco apagado.
No banco, sozinho e irritado, ficou Lenga, o guarda-redes que podia ter entrado para qualquer outra posição, conferindo velocidade e um pouco mais de tenacidade à equipa. Visivelmente transtornado por ser o seu último jogo pelos Carapaus e por ter ficado no banco, foi o protagonista de um monólogo enraivecido onde acabou por chamar incompetente ao mister Pelica, o que não afectou sobremaneira o treinador. Não deixou de ser uma fonte de ânimo aos seus colegas, gritando durante todo o jogo para que a equipa atacasse.
Analisando a equipa de gestão hoteleira e turismo, apenas constatamos que não passam de uns empertigados pretendentes a jogadores de futebol. Encarando o jogo com muito desdém e subestimando a armada bióloga, entraram em campo com um futebol medíocre e com jogadores de segunda. Foi apenas na segunda parte, ao sentirem os calos pisados depois do golo dos Carapaus, que fizeram entrar as vedetas. O que acabou por dar os seus frutos, pois foram estes os responsáveis pelo golo do empate. Qualificando-se em 1º lugar do grupo para a segunda fase da liga, acreditamos que o futebol que praticam, rapidamente se perderão entre os tubarões da liga.
Novamente a torcida dos Carapaus compareceu em campo, mas desta vez já não foi em peso. Talvez por obra do resultado do jogo anterior, a assistência diminuiu bastante e já chegou ao estádio largos minutos depois do apito inicial. As tácticas e as prestações dos CFC têm deixado muito a desejar, desvanecendo, desta maneira, as esperanças dos fãs em poder gritar a plenos pulmões que são adeptos de um clube campeão. Não deixam, mesmo assim, de levar um louvor pelo apoio incondicional que têm dado aos jogadores e pela constante animação que levam aos jogos a que assistem.
Aos CFC desejamos boa sorte para a fase seguinte e lembramos que o céu é o limite!