A morte de uma lenda...
É com muita pena que solto estas palavras, mas eu este ano tive vergonha dos Carapaus...
Depois de um início de época muito atribulado, onde se perderam inúmeros e valiosos membros originais da fantástica armada, a direcção incorreu na práctica de uma gestão hiperdanosa do clube, fazendo mesmo lembrar o benfica. Contratações injustificadas, inqualificáveis ou simplesmente disparatadas, levaram a uma amorfização da equipa sem precedentes.
É certo que acertámos alguns tiros no escuro, estrelas por polir que ainda poderão vir a cintilar mais do que o número 7 do ManUtd. Mas, os jogadores não fazem a equipa...
E assim, este ano assistimos de fora e de dentro do relvado o que é o mundo do futebol onde se joga sem amor à camisola! Foi triste, pois já nem as camisolas originais dos CFC foram envergadas esta época, exceptuando alguns (muito poucos) tímidos adeptos. Cedendo a pressões externas e com rasgos de megalomania, a direcção acordou em vestir o clube com novas cores, deixando para trás o vibrante azul marinho e o enérgico laranja e adoptando um desenxabido e ordinário azul escuro...
Tudo isto resultou num verdadeiro plantel galáctico, com qualidade individual muito superior à de épocas passadas, mas numa equipa desunida e desmotivada, onde os novos jogadores nunca souberam o significado de ser um verdadeiro Carapau de Corrida e onde os veteranos esqueceram a mística que tinham carregado em tempos idos.
Nem a alegre e jovial massa associativa que tanto idolatrava os majestosos conseguiu suportar a desonra provocada pelas altas instâncias da organização, notando-se um acentuado abandono dos cânticos e das bancadas do outrora rejubilante estádio.
A braços com duras lesões e com prováveis abandonos de jogadores para outras áreas profissionais, está à vista o final de uma saga que se julgara lendária e interminável.
Todos os clubes passam privações e todo o sucesso traz o seu quinhão de adversidades, mas uma estrutura cada vez mais cristalizada poderá não resistir muito tempo às duras intempéries do mundo do futebol. A atmosfera adensa-se e escurece...
Rezemos para que a luz ao fundo do túnel desta saga não seja alcançada só daqui a muitos anos, num fim-de-semana soalheiro e ameno, onde estarão as velhas e originais glórias dos CFC a disputar uma luta incessante com as suas barrigas e com a bola, numa área reduzida de concreto escaldante e ressequido num qualquer pardieiro deste mundo...
Que Neptuno esteja com os Carapaus!
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