"Temperamento artístico é uma doença que ataca os amadores"

quarta-feira, janeiro 17, 2007

De volta à terra

E todos os sorrisos, todos os elogios, todos os sonhos se desvaneceram com o decorrer do aguardado jogo entre os Carapaus de Corrida com uma equipa qualquer de economia.
Num jogo em que nada saiu bem á equipa da casa, o placar final registou uns inesperados 1-4 a favor da equipa forasteira.
Foi com uma expressão de perplexidade e de espanto, que se foi intensificando ao longo do jogo, que os fiéis e enérgicos adeptos dos Carapaus assistiram ao jogo. Desde já uma palavra de apreço à magnifica moldura humana presente no estádio, que se manifestou incansavelmente do início ao fim do jogo, mesmo que o cenário não fosse dos mais propícios. Ocasionalmente lá surgiram vozes de descontentamento, mas que prontamente se dissolviam no espírito de amizade e orgulho que a claque irradiava. Um verdadeiro espectáculo, que sem duvida serviu de atenuante ao medíocre futebol praticado.
Após um primeiro jogo brilhante em todos os sentidos, os biólogos marinhos vacilaram perante a modesta equipa de economia, que controlou esporadicamente o meio campo, ofuscando incompreensivelmente algumas das figuras de maior destaque da equipa de todos nós.
Com uma equipa titular diferente do ultimo jogo, o mister Pelica fez orelhas moucas á celebre frase “em equipa que se ganha não se mexe”, colhendo uns trágicos 4-1, fazendo com que alguns simpatizantes do clube pedissem a cabeça do treinador após o apito final. Foi com grande surpresa que quando os atletas subiram ao relvado, os habituais titulares Nenuco, Oxyduras e Chewbacca ficaram no balneário, dando lugar aos novatos Mamassara, Poligay e Tiago. Com esta mudança, Pelica ambicionava dar mais capacidade defensiva à equipa, desejo este que não passou do seu bloco para o relvado como indicam os expressivos quatro golos que o guardião Dinis encaixou nas suas, até ai invioláveis, redes. Foi à passagem do minuto vinte e quatro que a sorte do jogo foi ditada, com a expulsão do veloz lateral Cachupa, após uma falta aparatosa sobre um economista que por fugazes momentos se transformou em actor. Perante esta dica do jogador adversário, o parcial arbitro, cumpriu escrupulosamente o guião, mandando Cachupa para os balneários mais cedo. Perante esta encenação, Pelica atirou freneticamente um irado bloco de notas contra o quarto árbitro, acto este que lhe valeu uma severa reprimenda.
Após este teatro, digno de passar num Tivolli ou num D. Maria II, a equipa dos Carapaus quebrou animicamente, e os golos da maldita equipa apareceram com alguma naturalidade, tendo em conta a arbitragem tendencial de que os Carapaus foram alvo durante toda a partida. Com a chegada do descanso, Pelica deu uma mini palestra tentando dar de novo animo aos seus destroçados pupilos. Com a chegada da segunda parte, o desolado treinador que ja tinha feito entrar o ágil Nenuco, e o felpudo Chewbacca, procurou dar maior acutilância ao ataque marinho. Como frutos teve um insuficiente golo, insistência precisamente do recém entrado Nenuco, que mesmo assim ainda poderá ser preponderante nas contas finais do grupo. Foi após este cobiçado golo que o derradeiro apito soou, ecoando na cabeça dos cabisbaixos e fustigados Carapaus. A partir deste momento, todos os jogadores da surpreendente formação de economia, se desfizeram em lágrimas, ainda incrédulos com o expressivo resultado obtido perante a poderosa formação dos apelidados galácticos marítimos, abraçando-se entre si e com manifestações pouco masculinas.
Enquanto que o plantel dos Carapaus de Corrida cumprimentava desportivamente os injustos vencedores, o estilhaçado treinador, que para este jogo não pode contar com os jogadores Psidónio a tratar de assuntos pessoais e de Calhau que se encontra em local desconhecido, olhava apaticamente para o horizonte, tentando explicar o inexplicável.

Ficha técnica

Onze titular:
Dinis
Laurodérmio
Tiago (Saiu aos 64 min)
Templária
Cachupa (Expulso aos 24 min)
Mendes
Mamassara (Saiu aos 26 min)
Psico (Saiu aos 68 min)
Olazabal (Saiu aos 48 min)
Super-maxi
Poligay (Saiu aos 26 min)

Suplentes utilizados:
Pega (Entrou aos 42 min)
Chewbacca (Entrou aos 26 min)
Nenuco (Entrou aos 26)
Sininho (Entrou aos 64 min)
Oxyduras (Entrou aos 68 min)

Suplentes não utilizados:
Lenga

Treinador:
João Pelica

Massagista:
Besuga

Classificações (0-10):

Dinis (3) – Conquistou a titularidade, após a amável cedência do lugar por parte do seu rival Lenga. O atleta apresentou-se alguns furos abaixo do habitual, falhando sucessivos pontapés de baliza, que inclusivamente tiveram na origem do quarto golo. Pouco podia fazer nos outros golos. Infeliz.

Laurodérmio (3) – Começou o jogo a lateral onde nunca se adaptou, fazendo da sua característica velocidade a sua grande aliada, não estando bem, à semelhança do resto do quarteto defensivo no passe. Com o decorrer do trágico encontro, e por força das circunstâncias, acabou o jogo a extremo, criando algumas oportunidades de golo eminente, novamente com o seu de poder de explosão a fazer a diferença. Muito lutador ao longo do jogo, nunca desistindo qualquer lance. Raçudo.

Templária (2) – Uma exibição muito esforçada, tendo corrido quilómetros, no entanto de pouca eficiência. Numa exibição de alguns momentos de classe, esta performance fica infelizmente recordada pelos erros, principalmente pelo erro que levou ao primeiro golo do encontro, sendo seu o passe magistral para o jogador adversário. Pelo facto de a posição de central ser uma posição de grande importância, pois basta um erro para manchar qualquer exibição, o popular central deixou-se abater ao longo do jogo, não fazendo justiça á fama de é que detentor. Acabou o jogo com fortes dores musculares tal a sua entrega. Esgotado.

Tiago (2) – A maior surpresa da equipa inicial prendeu-se precisamente com a inclusão do central, que não teve uma estreia a titular muito feliz, uma vez que teve grandes dificuldades em acompanhar os atacantes, provocando inclusive um penalty. À semelhança do seu companheiro de sector, muito esforçado, pecando principalmente na velocidade. Desenquadrado.

Cachupa (-7) – Uma exibição muito incaracterística do lateral, em que foi acumulando erros atrás de erros que lhe levaram a expulsão por acumulação de amarelos. Devido à sua expulsão a equipa ressentiu-se, levando a uma derrota prematura. Devido à sua exclusão não vai poder dar o contributo no próximo jogo, que se antevê complicado.
O facto de ter deixado a equipa órfã e como a deixou, deitou por terra as aspirações do colectivo. Indisciplinado.

Mendes (2) – Pareceu apático e com pouca concentração possivelmente devido á frequência de estatística que realizou no dia anterior. O seu habitual toque de bola e a sua capacidade de destruir jogo não passaram de uma simples miragem no deserto que foram os Carapaus. Ao longo do jogo continua irreconhecível, tendo o seu ascendente na segunda parte, à imagem da equipa. Apático.

Mamassara (2) – Este carapau juvenil, que tanto prometeu no exigente treino de sexta-feira, e onde Pelica depositou tantas esperanças, cedeu à pressão de jogar e não esteve ao nível esperado. Juntamente com o outro trinco Mendes, perdeu a batalha de meio campo, fazendo com que o esquema táctico desabasse como um baralho de cartas à mercê do vento. Inseguro.

Psico (2) – À semelhança do central Tiago, representa a geração mais velha de B.M.P. (5º ano), mas não fez uso da sua experiência, sendo facilmente anulado pelo lateral adversário. No entanto, enquanto teve em campo, procurou sempre atacar, mas nem sempre da maneira mais indicada, perdendo bastantes lances. Não deve ter ficado contente com a sua prestação. Fugaz.

Olazabal (2) – Atingiu a titular, quando muitos já o punham no banco. Muito apagado durante o jogo, tendo inclusive de ir para lateral esquerdo, quando Cachupa foi expulso. Teve de sair devido à pouca preparação física que apresentou, pois à imagem de Pega no último jogo, teve fortes cãibras, não conseguindo aguentar o ritmo frenético do encontro. Dorido.

Super-maxi (3) – O capitão da equipa caiu em posições mais avançadas no inicio do jogo, demonstrando a sua entrega habitual mas não conseguindo empurrar a equipa para a frente como é normal, fazendo com que a equipa se ressentisse. Não conseguiu ter a sua influência normal, e estando numa posição de distribuidor, não fez a equipa jogar. Desinspirado.

Polligay (2) – Novato nestas andanças, não conseguiu fazer a diferença a ponta de lança, estando sempre muito desamparado na frente de ataque. Foi o autêntico retrato dos Carapaus de Corrida, nunca conseguindo mostrar o seu real valor, os seus dribles, a sua técnica, o seu futebol. Sentiu o peso da camisola. Desapoiado.

Pega (1) – Entrou para a sua posição de raiz, e desde logo demonstrou a sua condição física característica sendo várias vezes ultrapassado em velocidade. Infelizmente só se fez notar em campo pela sua vigoroso voz. Lento.

Chewbacca (2) – Entrou para tentar virar o jogo, mas o máximo que conquistou foi fazer uma ferida no joelho, ensopar a camisola e apresentar um visual ridículo devido á fita que usou. Nos minutos iniciais, após a sua entrada, entrou cheio de vontade, fazendo inclusive alguns sprints (!). Com o passar do tempo caiu na monotonia, á imagem da equipa. Obeso.

Nenuco (3) – Entrou para revolucionar o jogo e conseguiu. Mal entrou ainda deu uns ares da sua graça, com as suas fintas. A sua entrada coincidiu com o maior ascendente da equipa, sendo o único tento da equipa da sua autoria. (Um pequeno parênteses para informar que o jogador já não tenciona rescindir com o clube como foi anunciado, tendo o seu contrato sido melhorado, passando a ter direito a três viagens a Huelva, em vez de duas por bloco, segundo o Presidente/jogador Sininho noticiou). Inovador.

Sininho (2) – Entrou para os minutos finais, com vontade de mostrar serviço. Muito irrequieto, foi uma dor de cabeça para ambas as equipas. Esforçado.

Oxyduras (2) – Entrou igualmente para os momentos finais, mostrando que a sua lesão já é coisa do passado. Não acrescentou nada de novo. Desaparecido.

Lenga (0) – Não saiu do banco, dando constantemente a sua opinião aos presentes no banco. Bom na distribuição de água. Falador.

3 Comments:

Blogger Dr. Macio opinou...

Eu se fosse a ti mandava este post para "A Bola". Vitor Serpa e companhia podem ser muito bons, mas contigo na redacção é bom que se ponham a pau, senão a altura deles pode chegar mais cedo do que o esperado. E sempre se acabava com a influência vermelha no jornal...só teríamos a ganhar!

3:10:00 da tarde

 
Blogger Roma opinou...

Caríssimos:
Este é o primeiro e único post que li, e "desliguei" na altura dos comentários individuais!!
Dou-vos desde já os parabéns pela idéia e agradeço-vos a honra concedida ao terem dedicado um link ao IMPERIVM, considerem o favor retribuído. Força aí, não estudem muito e continuem sempre orgulhosamente BMP's! (fdx, até fiquei com a lagriminha ao canto do olho...)
AVÉ!

11:15:00 da tarde

 
Blogger Bicho do Mato opinou...

Genial! O relato do jogo está soberbo e a ficha técnica, com a inclusão das notas aos jogadores é fenomenal. De chorar a rir!
Foi uma pena a derrota,pah! Mas é preciso Fé (e mais treinos), que havemos de ganhar o próximo jogo!

Viva os C.C.

Piss!

6:45:00 da tarde

 

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