Grandes Portugueses
Será justa ou mesmo necessária a inclusão de Salazar nesta lista que pretende retratar portugueses que enalteceram o nome do país, ou que pelo mesmo muito fizeram? No passado domingo, durante o programa, ligou um jovem petiz de 18 anos, muito senhor do seu nariz, dizendo que votou em Salazar porque no tempo deste senhor a economia estava muito bem, na altura em que este era ministro das finanças, e que não havia drogas a afligir o nosso quotidiano. Com certeza ouviu algum velhote mais saudosista do tempo dos tostões expressar a sua opinião e sem qualquer conhecimento de causa achou pertinente mostrar ao país que os jovens têm algo a dizer também. Perdeu uma bela oportunidade de ficar calado e de poupar uns cêntimos, bastava não ter ligado. Obviamente foi enxovalhado pela Maria Elisa e restantes convidados mais sapientes, que contra-argumentaram enumerando factos consumados de que no tempo de salazar não era assim tão bonito viver em portugal.
Como foi escrito por um cronista, numa revista da actualidade, Salazar não passou, e cito “de um ditador mediano, um tanto ou quanto pindérico, modesto, sem um rasgo, sem uma ideia, sem uma grande realização, sem uma conta na suiça, sem um massacre...Enfim, mandava matar envergonhadamente, chamava “safanão” à tortura(...). O homem foi a vergonha dos ditadores.”. É isto um grande português? Provavelmente a única coisa grande da sua vida foi o tombo da cadeira!
Dos restantes membros da selecta lista pouco tenho a dizer, por não poder comentar por desconhecer a fundo o seu real contributo ou por concordar com a sua inclusão, ainda que ás vezes redundante, no top. Lamento, no entanto, que em 900 séculos de história nos prendamos demasiado às conquistas e às descobertas, revelando ainda, como povo, uma mentalidade tacanha e conservadora. Em tantos anos de existência não houve mulher alguma que se sobrepusesse a alguns elementos deste clube? Não se justificaria a admissão de ilustres como vencedores de um prémio Nobel?!
Desconheço a fundo o real objectivo do programa. Se é de educar e de dar a conhecer aos portugueses um pouco das personagens da sua história, a iniciativa é de louvar. Mas se o objectivo é preencher o buraco televisivo que é a noite de domingo e puxar um pouco a veia patriótica de cada um, acho mal. Os portugueses não são grandes, nunca foram, nem nunca o serão, pelo menos enquanto não se mudarem as mentalidades. Até esse dia chegar continuaremos a ser medianos, preocupados com as galinhas dos vizinhos, lamentando o facto da relva ser mais verde do outro lado da cerca.
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