"Temperamento artístico é uma doença que ataca os amadores"

sexta-feira, abril 27, 2007

Grande Entrevista - O Homem do Leme (parte 1)

Encerrado mais um capítulo na história dos Carapaus de Corrida, decidimos fazer uma retrospectiva de toda a época passada, em conjunto com o almirante da armada bióloga. Assim, publicamos neste espaço, uma entrevista inédita com mister Pelica, que em 11 anos de carreira nunca deu uma entrevista, onde revelamos um pouco mais a maneira de pensar deste jovem treinador. O guru dos Carapaus abre o livro…

Bilhete de identidade:
Nome
– João Paulo Ferro Pelica
Data de nascimento – 27/09/1981 (25 anos)
Signo – Balança
Estado Civil – Solteiro (e bom rapaz)
Profissão – Treinador/estudante
Currículo – Juve 25 (10 anos); S. Luís (1 ano); Carapaus de Corrida (2 anos)
Títulos – Campeão do torneio 25 Abril (94/95); Treinador revelação (05/06); Campeão do mundo pelo CM (02/03); Campeão série 100, 6ª divisão (05/06)


Maciez Ilimitada – Antes de mais, muito obrigado por nos conceder a sua primeira entrevista oficial aos media, em exclusivo para este blog. É uma grande honra que nos concede.
Como tudo começou? O que o levou a querer seguir a carreira de treinador?
Pelica – Não fazia nada metido no meio dos nerds de informática e assim, de repente, senti uma voz interior que me disse para não perder a oportunidade de fazer o curso de 1º nível de treinador. Essa oportunidade apareceu e eu agarrei-a firmemente! Do curso a uma equipa foi um pequeno passo. Sempre gostei muito de futebol e desde pequeno que jogava futebol, a modos que nada disto me custou, foi natural. Acreditava que a melhor maneira de entrar neste mundo seria através do cargo de treinador.

MI – E porquê os Carapaus?
P – Escolhi os Carapaus pela amizade, pelas pessoas, pelo grupo. Acreditei sempre que seria uma boa experiência. Era uma equipa com bastantes dificuldades, com ambições desmedidas, de maneira que aceitei e encarei o grande desafio que se opunha com muita seriedade. Foi um teste às minhas capacidades de liderança com um bando de jovens jogadores alcoólicos, que eu queria moldar à minha figura e fazer deles uns campeões!

MI – Que balanço faz da passagem pelos Carapaus?
P – Falhei na tarefa de fazer destes jovens universitários campeões, mas é assim o futebol. No entanto, foi uma experiência bonita, muito enriquecedora. Cada jogo foi uma batalha onde adquiri maior auto-conhecimento, experiência e muitas alegrias. Não guardo rancores, nem nunca senti nenhuma tristeza ou desilusão.

MI – O que acha que falhou no torneio universitário?
P – Falta de preparação física e táctica para os jogos. Basicamente, limitava-me a dizer o onze titular, a táctica e as substituições. Faltaram palestras, sessões de vídeo, maior compromisso por parte dos jogadores, em particular, e de mim, no geral. Mas eu percebo os jogadores, nesta idade é difícil manter a cabeça concentrada numa actividade efémera.

MI – Acha que os Carapaus tiveram uma má prestação?
P – Não diria isso. Diria que foi muita inexperiência da equipa, muita imaturidade, grande falta de toque de bola. Apesar de jogadores com muita vontade, nunca tinham vivido o futebol a sério, apenas o da TV. Aquele futebol que, como toda a gente sabe, é praticado com displicência e pouco rigor.

MI – Como analisa o fenómeno em torno desta equipa?
P – Achei engraçado, teve piada, como um curso se uniu em torno do desporto. No fundo era o nome do curso que estava em jogo, não apenas 22 estudantes a correr atrás de uma bola. Foi o verdadeiro amor à camisola. Não eram 11 jogadores em campo, era a força de todo um curso. Adorei o vibrante entusiasmo da massa associativa e tive muita pena que o projecto dos cachecóis não tivesse seguido em frente. Isso faria com que se desse um enorme passo em frente, ultrapassando o fosso, de amigos a jogar à bola para um clube.

MI – Porquê a mudança da braçadeira de capitão?
P – Foi uma coisa que não me passou pelas mãos. Aconteceu durante um momento de instabilidade no balneário que não consegui controlar. Levou a uma divisão na equipa, de um lado apoiantes do Super-Maxi e do outro apoiantes do Chewbacca. Houve ainda espaço para dissidentes, havendo propostas de Templária a capitão. Gritos mudos. Esta situação desagradou-me profundamente e espero que nunca mais se repita no seio de uma equipa minha. Nada mais posso comentar.

MI – Qual a sua opinião acerca do abandono do guarda-redes Lenga? Que reacções provocou na equipa?
P – Cada um segue os seus sonhos. Encarei a saída com muita tranquilidade, bem como grande parte do plantel. Não somos uma equipa profissional e como tal não detemos passes de ninguém, não podemos prender pessoas contra a sua vontade. Um abraço sentido para o fuzilinho.

MI – E as faltas aos jogos? Houve multas ou outro tipo de punições?
P – Primeiro os estudos, depois o resto. Ainda que muitas das ausências aos jogos, e aos treinos, não tenham sido por causa dos estudos, este ano não poderia haver mais empenho, estão todos perdoados. Este foi o ano zero, para tudo. Graças ao recém implantado processo de Bolonha, as nossas vidas deram uma volta de 360º, mas continuaremos em frente de cara levantada.

MI – Que lhe passou pela cabeça quando soube do acidente de Oxy? E sobre a sua má-vida?
P – Isso é matéria pessoal. Cada jogador tem os seus problemas. Eu falei, várias vezes, com ele pessoalmente e resolvemos tudo sem problemas de maior. Ele sabe que é um grande jogador e que terá sempre o meu apoio!

MI – É um dos seus queridinhos?
P – Não sei do que fala. Os jogadores têm todos a mesma importância para mim e não sobreponho os interesses de ninguém, nem mesmo os meus, aos interesses da equipa.