"Temperamento artístico é uma doença que ataca os amadores"

quinta-feira, outubro 19, 2006

Façamos um balanço! (parte 2)

Desde o início das aulas, este ano, até agora, e quem sabe além mais, o tópico de conversa "praxes" tem sido largamente explorado e, por isso, como a paciência para dissertar sobre este assunto já não é muita vou tentar encurtar esta 2ª parte do balanço...
Retomando o último post, as coisas já não são o que eram ou "no meu tempo é que era...". A culpa destas afirmações serem feitas pertence aos académicos ou às bestas?! A meu ver, para as praxes funcionarem correctamente há que haver bom-senso de ambas as partes (praxantes e praxados) e uma vontade por parte da caloirada de levar as coisas na boa e aproveitar ao máximo! É claro que umas bebidinhas no bucho, para desanuviar e aligeirar o ambiente, ajudam bastante mas não são indispensáveis. Gostava de saber em que outra altura na vida é que terão oportunidade de estar uma semana e meia sem gastar um tusto, recolher a casa apenas para dormir e trocar de roupa e fazer várias refeições ao dia, com bebida (muita!) incluída, à pala de muito boa gente?! Se alguém souber a resposta que me diga! Para as bestas que desistiram ou que se declararam anti-praxe, sinto muito, acho realmente que perderam uma grande experiência!
Não falo aqui sequer de integração ou de facilidade de fazer amigos, porque apesar de ser um dos objectivos das praxes, não é preciso ser praxado para que nos sintamos integrados ou termos carradas de amigos na faculdade. É um facto que simplifica as coisas já que somos quase "obrigados" a buscar apoio nos amiguinhos, aqueles que diariamente são praxados connosco, e a conhecer toda a panóplia de fauna que habita numa universidade: mancebos, académicos, veteranos, mestres, velhas-guardas, dinossauros e tudo o mais que quiserem até acabar nos míticos "fósseis" ou "mobílias"! No entanto, e acho que era aqui que queria chegar, há muito boa gente que não passa pelas praxes, pelos mais diversos motivos, bifásicos, trabalhadores, malta que anda de férias e que não quer vir às aulas, e que mesmo assim se integra bem com as ex-bestas!
Bom, como já tinha dito, creio que fomos uns maciozinhos a praxar, mas se isso aconteceu foi porque as bestunças também demonstraram ser uns autênticos corais, tão frágeis tão frágeis que até tínhamos medo de mandar um berro mais sonoro não fosse a pobre criatura desequilibrar o seu conteúdo hídrico e desfazer-se em lágrimas, deixando o universo académico de pantanas... "a besta tá a chorar, que aconteceu? que se passa?!" e depois lá ia alguém tratar de consolar a besta não fosse ela querer desistir ou declarar-se anti-praxe! Assim, respondendo à questão que foi feita umas quantas linhas atrás, se há um tempo atrás se praxava mais e melhor era porque, se calhar, há um tempo atrás as bestas vinham com outro espírito, mais dispostas a colaborar, não sei... não passo de um barbeiro!
Mas isso levanta outra questão, quem impõe os limites nas praxes? Quanto mais eles colaborarem mais nós vamos querer praxar, esticando a corda cada vez mais até que parta, resultando numa desistência ou desentendimento entre pares, e assim lá volta tudo a amenizar para que não haja mais incidentes...
Enfim, fazendo um balanço (até que enfim...) das praxes 2006/2007, creio que a grande parte das bestas percebeu e absorveu o espírito das praxes e será capaz de fazer passar correctamente a mensagem quando for a sua vez de corromper jovens mentes! Espírito esse que apenas quem foi praxado e gostou, chegando ao ponto de pedir mais (há gente assim sim!!!), entende, conhece e tem presente na alma!
................................Saldo positivo!!!